A corrente do Golfo (em inglês: Gulf Stream) é uma corrente marítima potente, rápida e quente do oceano Atlântico que tem origem no Golfo do México, escapa pelo estreito da Flórida e segue a costa leste dos Estados Unidos e a sua extensão até a Europa
torna os países do oeste deste continente mais quentes do que eles
seriam sem essa corrente. No entanto, contrariamente ao que muita gente
pensa, não parece ser a sua presença que provoca um grande diferencial
de temperatura no inverno (de 15 a 20 °C) entre a América e a Europa,
mas sim a diferença de direcção de transporte de calor da Flórida, o navegador Ponce de León nota que seus navios são levados por uma importante e rápida corrente de água quente que vem do atual Mar das Antilhas. Mas devido à sua morte prematura, foi somente em 1777 que Benjamin Franklin realiza um primeiro estudo sobre a corrente do Golfo.
Mecanismo
Na sua origem, a corrente do Golfo é gerada sobretudo pela força dos
ventos; mas a sua extensão no Atlântico Norte é fundamentalmente mantida
pela circulação termoalina. Essa circulação oceânica é tão profunda que não é influenciada pela atmosfera. Na realidade, ela dá a volta na Terra
lentamente, pois necessita 500 anos para retornar ao seu ponto de
partida. Para simplificar, vamos nos restringir ao oceano Atlântico. Ela
é composta de dois tipos de correntes oceânicas: aquelas que são
bastante profundas, e aquelas que são menos profundas, ditas "de
superfície".
A extensão da corrente do Golfo no Atântico Norte é uma dessas
correntes oceânicas. O motor da circulação termoalina é a diferença de densidade devida à salinidade e à temperatura das águas. As águas do pólos são mais frias e menos salgadas, e as águas do equador mais quentes e mais salgadas. No Atlântico norte, a corrente do Golfo, que vai do equador em direção ao Pólo Norte, transporta o calor para toda a Europa ocidental. Chegando no Mar da Noruega,
a água da corrente do Golfo, mais quente e mais salgada, encontra as
águas frias e menos salgadas vindas do pólo; sendo mais densa devido à
sua maior salinidade, ela desce em direção às profundezas do oceano.
É então uma corrente bem profunda que se forma. Ela se dirige ao equador, costeando a América do Norte.
Chegando ao equador, as águas frias, menos salgadas e menos densas,
sobem à superfície, onde se aquecem e completam o circuito da corrente
do Golfo.
A corrente do Golfo é uma das mais fortes correntes marinhas conhecidas, transportando 1,4 Petawatts de potência. Movimenta-se com o fluxo impressionante de 30 milhões de metros cúbicos por segundo (m³/s). Após passar pelo Cabo Hatteras,
esse fluxo aumenta para 80 milhões m³/s. O volume da corrente do Golfo
ultrapassa facilmente o de todos os rios que deságuam no Atlântico
combinados, o que significa um total de 0,6 milhões de m³/s.
A corrente do Golfo movimenta-se com uma velocidade relativamente
elevada, velocidade média de 2 nós ou aproximadamente 3.6 km h com uma
largura variando entre 100 a 200 km. A velocidade e largura tendem a
aumentar ou diminuir em função dos ventos.
Efeitos
O efeito da corrente do Golfo é suficiente para fazer com que certas regiões do oeste da Grã-Bretanha, do sudoeste da Noruega e toda a Irlanda tenham uma temperatura média de vários graus Celsius mais elevada do que outras regiões daqueles países. Assim, na Cornualha, e particularmente nas ilhas de Scilly,
seus efeitos são tais que plantas associadas a climas muito mais
quentes, como palmeiras, são capazes de sobreviver aos rigores do
inverno setentrional. O jardim botânico de Logan, na Escócia, é beneficiado principalmente da corrente do Golfo, permitindo aos seus espécimes de Gunnera Manicata crescer a mais de 3 metros de altura.
Estopim de novas Glaciações
Uma das possibilidades aventadas em uma teoria sobre o início de
glaciações envolve a Corrente do Golfo: uma mínima elevação do nível dos
oceanos (1 milímetro ou pouco mais do que isto), embora possa parecer
pouco, considerando-se a área, implica um enorme volume de água. Com a elevação do nível, o volume da troca de água entre o oceano Ártico e o Atlântico norte através do estreito de Spitzbergen
aumentaria consideravelmente. Com a maior quantidade de água quente
indo para o Ártico (através da Corrente do Golfo) e uma maior quantidade
de água fria vindo para o Atlântico norte, o resultado seria, a curto
prazo, o derretimento de mais gelo do Ártico (o que realmente está
ocorrendo) e o resfriamento da costa nordeste da América do Norte,
afetando o clima até a Flórida, onde passariam a ocorrer resfriamentos extremos no inverno. Como consequência do efeito cascata desencadeado, poder-se-ia iniciar uma nova glaciação.
Possibilidade do desaparecimento da corrente do Golfo
O efeito estufa faz com que as geleiras do Ártico derretam, mas também faz aumentar a pluviometria
do Atlântico norte. Esses dois fenômenos reunidos constituem um fator
no aumento da água doce nessa região. Se esse fenômeno for muito grande,
como foi o caso no início da última era glacial
(as geleiras derretem na América do Norte, liberando água doce que
resfria as correntes marinhas e produzem um resfriamento geral do clima
terrestre), então a corrente do Golfo poderia "parar". Na verdade, uma
grande quantidade de água doce aumentaria a diferença de salinidade da
água entre o equador e o Mar da Noruega. O local de mergulho das águas
quentes e salgadas localizar-se-ia na altura dos Açores, e a corrente do Golfo contrair-se-ia sobre si mesma, não indo além dos Açores.
Essa mudança climática seria bastante rápida: em menos de dez anos, a temperatura de toda a Europa ocidental (de Portugal à Finlândia) baixaria de 5°C. Quando se sabe que as temperaturas médias baixam de 1 grau C a cada 500 km de latitude, encontrar-se-ia o clima de Oslo em Madrid.
Mas essa baixa de temperatura seria mais marcante no inverno do que no
verão, pois a corrente marinha de jet traria diretamente sobre a Europa o
clima do Canadá. Bordéus, que está à mesma latitude que Montréal,
poderia ter regularmente temperaturas de -25 °C no meio do inverno.
Essa mudança climática seria tão rápida que é chamada « surpresa
climática ». Isso significaria a chegada brutal de uma glaciação na
Europa ocidental, com uma extensão das geleiras. Mas, na realidade, não
seria uma glaciação, pois em todo o resto do planeta o efeito estufa
continuaria a aumentar as temperaturas, derreter as geleiras e fazer o
nível dos oceanos aumentar. O que aconteceria na Europa ocidental seria
assim bastante localizado: as geleiras se estenderiam, enquanto que no
resto da Terra elas derreteriam. Por isso o nível dos oceanos
continuaria a subir, apesar desse frio localizado. Durante uma glaciação
verdadeira, ele seria 100 metros mais baixo. No entanto, essa teoria
deve ser verificada, por isso o emprego do condicional.