Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra causado pelas emissões humanas de gases do efeito estufa, amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial, em efeitos que se autorreforçam em realimentação positiva. Esse aumento de temperatura vem ocorrendo desde meados do século XIX e deverá continuar no século XXI.1 2 Os principais gases estufa emitidos pelo homem são o dióxido de carbono e o metano, e decorrem de várias atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis, o uso de fertilizantes e o desmatamento.
Esses gases atuam obstruindo a dissipação do calor terrestre no espaço.3
O declínio do gelo flutuante do Ártico é um dos sinais mais evidentes do aquecimento global. A animação mostra a redução entre 1979 e 2010.
O declínio do gelo flutuante do Ártico é um dos sinais mais evidentes do aquecimento global. A animação mostra a redução entre 1979 e 2010.
O aumento nas temperaturas globais e a nova composição da atmosfera desencadeiam alterações importantes em vários sistemas da Terra. Afetam os mares, provocando a elevação do seu nível e mudanças nas correntes marinhas e na composição química da água, verificando-se acidificação, dessalinização e desoxigenação. Prevê-se uma importante alteração em todos os ecossistemas marinhos, com impactos na sociedade humana em larga escala.4 5 Afetam irregularmente o regime de chuvas, produzindo enchentes e secas mais graves e frequentes;6 tendem a aumentar a frequência e a intensidade de ciclones tropicais e outros eventos meteorológicos extremos como as ondas de calor e de frio;6 devem provocar a extinção
de grande número de espécies e desestruturar ecossistemas em larga
escala, e gerar por consequência problemas sérios para a produção de
alimentos, o suprimento de água e a produção de bens diversos para a
humanidade, benefícios que dependem da estabilidade do clima e da
integridade de sua biodiversidade.7 8
O aquecimento e as suas consequências serão diferentes de região para
região. A natureza destas variações regionais ainda é difícil de
determinar de maneira exata, mas sabe-se que nenhuma região do mundo
será poupada de mudanças, e muitas serão penalizadas pesadamente,
especialmente as mais pobres e com menos recursos para adaptação. O Ártico é a região que está aquecendo mais rápido,9 verificando-se progressivo derretimento do permafrost e do gelo marinho,10 temperaturas recorde, secas mais intensas e profunda modificação em seus biomas, com desaparecimento de espécies nativas11 e invasões em massa por espécies exóticas.12 Geleiras de montanha em todo o planeta estão também em recuo acelerado, modificando seus respectivos ecossistemas e reduzindo a disponibilidade de água potável.7 8 13
Mesmo que as concentrações de gases estufa cessem imediatamente, a
temperatura continuará a subir por mais algumas décadas, pois o efeito
dos gases estufa demora até se manifestar totalmente em escala global.14
É evidente que a mitigação (mudança para um modelo econômico de baixa
emissão) não acontecerá de imediato, por isso haverá necessidade de
adaptação às consequências do aquecimento. Uma vez que as consequências
serão tão mais graves quanto maiores as emissões de gases estufa, é
importante que se inicie a diminuição destas emissões o mais rápido
possível, a fim de minimizar os impactos sobre esta e as futuras
gerações.7 15 16 17 18
A Organização das Nações Unidas publica um relatório periódico sintetizando os estudos feitos sobre o aquecimento global em todo o mundo, através do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC). Estes estudos têm, por motivos práticos, um alcance de tempo
até o ano de 2100. Todavia, já se sabe também que o aquecimento e suas
consequências deverão continuar por séculos adiante, e algumas
consequências, graves, serão irreversíveis dentro dos horizontes da
atual civilização.7 15 19
Os governos do mundo em geral trabalham hoje para evitar uma elevação
da temperatura média acima de 2ºC, considerada o máximo tolerável antes
de se produzirem efeitos globais em escala catastrófica.18 20 Num cenário de elevação de 3,5 °C a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) prevê a extinção provável de até 70% de todas as espécies hoje existentes.21 22
Se a elevação chegar ao extremo de 6,4°C, que não está descartada, e de
fato a cada dia parece se tornar mais plausível, pode-se prever sem
dúvidas mudanças ambientais em todo o planeta em escala tal que
comprometerão irremediavelmente a maior parte de toda a vida na Terra e
desintegrarão os governos nacionais devido a causas múltiplas
combinadas, como a fome, epidemias e o esgotamento em larga escala dos
recursos naturais, levando a civilização como hoje a conhecemos ao
colapso.7 18 23 24
Se considerarmos o futuro para além do limite de 2100, admitindo a
queima de todas as reservas conhecidas de combustíveis fósseis,
projeta-se aquecimento dos continentes de até 20 ºC, "eliminando a
produção de grãos em quase todas as regiões agrícolas do mundo", e
criando um planeta "praticamente inabitável".25
Tal perspectiva é hoje plausível, uma vez que não há qualquer ímpeto
popular ou político no sentido de se deixar intocadas as reservas ainda
inexploradas. Pelo contrário, as pesquisas para utilizar hidrocarbonetos antes inviáveis, como as areias betuminosas do Canadá,26 as jazidas de petróleo do Ártico27 e o fraturamento hidráulico, propiciam a criação de novas fontes de CO2.
Embora a imprensa ainda alimente muitas controvérsias, frequentemente
mal informadas, tendenciosas ou distorcidas, e haja grande pressão
política e econômica para se negar ou minimizar as fortes evidências já
reunidas,28 29 30 31 32 33 34 o consenso científico é de que o aquecimento global está a acontecer inequivocamente,
e precisa ser contido com medidas vigorosas sem nenhuma demora, pois os
riscos da inação, sob todos os ângulos, são altos demais.7 15 34 35 36 8 O Protocolo de Quioto,
bem como inúmeras outras políticas e ações nacionais e internacionais,
visam a estabilização da concentração de gases de efeito estufa para
evitar uma interferência antrópica perigosa no ambiente.37 Em novembro de 2009 eram 187 os Estados que assinaram e ratificaram o protocolo,38
todavia as negociações intergovernamentais não têm sido frutíferas. Por
outro lado, as evidências do problema do aquecimento global e suas
consequências têm se avolumado ano a ano.39