Ternate é uma ilha vulcânica do arquipélago das Molucas, na Indonésia. Faz parte da província das Molucas do Norte. A ilha está localizada na costa ocidental da ilha de Halmahera, a maior do arquipélago. A cidade de Ternate é a maior da província.
Até à colonização neerlandesa no século XVII, os sultães de Ternate dominavam um império que se estendia desde as Celebes até Papua. O seu principal rival era o sultanato vizinho de Tidore.
A presença portuguesa
Os primeiros europeus a chegar a Ternate faziam parte da expedição
portuguesa de Francisco Serrão
às Molucas (1511).
Tendo partido de Malaca, a sua nau,
a Sabaia, encalhou próximo a Ceram, recebendo auxílio dos
nativos. O sultão de Ternate, Abu Lais,
tendo notícia do incidente, e entrevendo uma oportunidade de aliar-se com uma
poderosa nação estrangeira, trouxe os tripulantes para Ternate em 1512.
Os portugueses foram autorizados a erguer uma fortificação-feitoria na ilha, cujas obras iniciaram-se em 1522:
o Forte de
São João Baptista de Ternate.
As relações entre ambos os povos foram tensas desde o início. Um
entreposto comercial avançado tão distante da Europa, de forma geral só atraía
os aventureiros mais ambiciosos ou desesperados, de tal modo que o
comportamento geralmente sofrível dos europeus, combinado com as débeis
tentativas de cristianização
mantiveram as relações tensas com os muçulmanos de Ternate.1
Quando a expedição espanhola sob o comando de García Jofre de Loaísa
chegou às Molucas em 1526, erguendo um forte na ilha vizinha de
Tidore, Portugal atacou-a a partir do seu forte em Ternate.
Em 1535 o sultão Tabariji
foi deposto pelos Portugueses e enviado para Goa,
capital do Estado Português da
Índia, onde foi convertido ao cristianismo e mudou o seu nome para
D. Manuel. Após ter sido declarado inocente das acusações contra si, foi
mandado de volta para reassumir o seu trono, mas veio a falecer durante a
viagem de retorno, na altura de Malaca, em 1545.
Tinha, entretanto, legado a ilha Amboina a seu padrinho, o
Português Jordão
de Freitas.
O governador português António Galvão
chegou a Ternate em 25 de Outubro de 1536.
O seu governo destacou-se pela reconciliação, organização e evangelização das
Molucas. Foi o construtor da Ternate portuguesa, onde se destacaram uma escola
e um hospital, assim como uma cerca de pedra envolvendo a cidade. Por essas
obras ficou conhecido como "o Apóstolo das Molucas".
No cerco de 1570 se distinguiu Belchior Vieira de
Ternate, quando era Capitão da fortaleza D. Álvaro de
Ataíde. Após o assassinato do sultão Hairun pelos Portugueses, os
habitantes de Ternate expulsaram os Portugueses em 1575,
após um longo cerco de cinco anos. Amboína tornou-se o novo centro de
actividades portuguesas nas Molucas. O poder europeu na região era débil e
Ternate tornou-se uma potência regional em expansão, ferozmente islâmica e anti-Portuguesa sob os reinados do
sultão Baab Ullah
(r. 1570-1583) e seu filho, o sultão Said.2
A presença espanhola
Forças espanholas capturaram o antigo forte português aos neerlandeses
em 1606, deportando o sultão de Ternate e sua corte
para Manila, nas Filipinas. No ano seguinte, os neerlandeses
retornaram a Ternate, onde, com o auxílio dos habitantes, ergueram um forte em
Malaio. A ilha passou a ser dividida entre as duas potências europeias: os
espanhóis aliados a Tidore e os neerlandeses, a Ternate.
Para os governantes de Ternate, a presença neerlandesa foi especialmente
bem-vinda, uma vez que lhes proporcionou vantagens militares diante de Tidore e
dos espanhóis. Nomeadamente sob o governo do sultão Hamzah
(r. 1627-1648), Ternate expandiu o seu território e reforçou o seu controlo
sobre a periferia. A influência neerlandesa em seu reinado foi limitada, embora
Hamzah e seu filho e sucessor, o sultão Mandar Syah
(r. 1648-1675) tenham feito concessões à Companhia
Neerlandesa das Índias Orientais (VOC) em troca do auxílio no
controle de rebeliões locais. Os espanhóis permaneceram em Ternate e Tidore até
1663,
quando foram definitivamente expulsos pelos neerlandeses.
A hegemonia neerlandesa
Ternate e o Forte de
São João Baptista de Ternate, desenho holandês, 1720
No século XVIII Ternate
foi a sede de um governador da VOC, que tentava controlar todo o comércio de
especiarias ao norte das Molucas. Este comércio, até ao século XIX, declinou substancialmente, razão pela
qual a região tornou-se cada vez menos central para o império colonial
neerlandês. Entretanto, os neerlandeses mantiveram a sua presença estratégica
na região, de modo a evitar que outras potências coloniais o ocupassem.
Após a VOC ter sido nacionalizada pelo estado neerlandês em 1800,
Ternate tornou-se parte do Governo das Molucas ("Gouvernement der
Molukken"). Pouco mais tarde, em 1810,
Ternate foi ocupada por forças britânicas, até ser devolvida ao controle
neerlandês em 1817. Em 1824
tornou-se a capital de uma "residência" (região administrativa) que
compreendia Halmahera, toda a costa oeste da Nova Guiné, e a costa leste central de Sulawesi. Por volta de 1867
todos os domínios neerlandeses na Nova Guiné haviam sido acrescentados à
"residência", mas a partir de então a administração da região foi
progressivamente transferida para Amboino até ser definitivamente incorporada
aquela "residência" em 1922.